Tarifa de ônibus em SP deverá ficar entre R$ 5 e R$ 5,20 em janeiro
A São Paulo Transporte (SPTrans) informou nesta quinta-feira (26) que a tarifa de ônibus na capital paulista deve passar de R$ 4,40 para um valor entre R$ 5,00 e R$ 5,20, ou seja, o reajuste deve ficar entre 13,6% e 18,2%. O novo preço, que ainda não foi definido, valerá a partir de janeiro.
Segundo representantes da empresa, a cada R$ 0,10 adicionados à tarifa básica, a receita tarifária sobe R$ 106 milhões por ano. A superintendente de Receita e Remuneração da SPTrans, Andréa Compri, argumentou que o aumento para 2025 se justifica porque os valores praticados neste ano se equiparam aos de 2019. Assim, serviria para corrigir uma suposta defasagem entre o que se recolhe dos passageiros e o que é necessário para fazer as frotas rodarem e garantir um serviço de qualidade.
Ao apresentar números da SPTrans, a superintendente destacou que, de dezembro de 2019 a novembro de 2024, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial que dimensiona a inflação no país, foi de 32,8%. Segundo ela, caso a empresa o tomasse como referência, a nova tarifa deveria ser de R$ 5,84.
A receita da SPTrans neste ano foi de R$ 11,5 bilhões. Em 2022 e 2023, foi de R$ 11,3 bilhões e R$ 10,9 bilhões. Em 2019, atingiu R$ 11,7 bilhões, caindo nos dois anos seguintes, para R$ 9,6 bilhões (2020) e R$ 9,3 bilhões (2021), muito em decorrência da pandemia de Covid-19, período em que a circulação de pessoas diminuiu e o total de passageiros encolheu.
Outros elementos que a companhia evidencia para legitimar o reajuste foram a gratuidade ou a tarifa reduzida para certos grupos, como idosos, estudantes e pessoas com deficiência. O estudo da SPTrans indica que, em 2023, o volume das três categorias foi de 495 milhões de passageiros, ao custo de R$ 2,4 bilhões. Este ano, foram cerca de 514 milhões, o que demandou R$ 2,7 bilhões.
De 2019 a 2024, os pagantes equivalem sempre a, pelo menos, metade dos passageiros. Este ano, foram 50%, enquanto os passageiros que têm gratuidade formavam uma parcela de 28% e os de transferências ônibus-ônibus, sem acréscimo tarifário, respondiam por 22%.
Tomando como base o mês de novembro deste ano, demonstrou-se que o sistema teve um custo total de mais de R$ 1 bilhão, sendo que o custo por passageiro foi, pela demonstração da companhia, de R$ 11,86. Desse total, mais de R$ 924 milhões (92,2%) foram relativos à operação da frota de veículos (mão de obra, combustível, investimentos e outros) e o restante (7,8%), R$ 78 milhões, à manutenção da infraestrutura (terminais, comercialização e gestão).
Críticas
Membros do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT) que assistiram à apresentação da SPTrans fizeram críticas ao modo como a companhia e a prefeitura de São Paulo têm conduzido a prestação de serviço. Caique Souza, que fala em nome da zona leste no conselho, disse que os usuários do transporte público na capital encaram, diariamente, filas quilométricas para embarcar nos veículos e uma frota sucateada, que já deveria ter sido renovada, por ter mais de uma década. "Estão desconexos com a realidade", repreendeu, ao se referir aos representantes da empresa que elogiam o serviço oferecido.
George Queiroz, membro da bancada temática de bicicletas no conselho, questionou a simplificação do panorama compartilhado pela SPTrans, afirmando que há outros fatores que foram ignorados. Para ele, quando a quantidade de passageiros no transporte público se mantém igual ou diminui, é preciso levar em conta que, diante da precarização do serviço e a falta de melhorias, muitas pessoas acabam deixando de usar ônibus. Assim, preferem se locomover de carro e outros veículos motorizados. "Não é uma questão binária", resumiu.
Edição:
Sabrina Craide