De 'nunca vi' a 'paguei com dinheiro': o que Wassef já disse sobre o Rolex
O nome do advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro estava no recibo de compra do relógio de luxo.
Frederick Wassef, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, apresentou versões contraditórias sobre sua participação na venda e compra ilegal de um relógio Rolex recebido como presente pelo ex-chefe do Executivo em viagens ao exterior.
A Polícia Federal aponta que Wassef teria vendido o relógio nos EUA em 2022 e, depois, recomprado, já em 2023, por temer que o Tribunal de Contas da União (TCU) determinasse a devolução do item de luxo.
Menos de uma semana após ser alvo da operação da Polícia Federal que o aponta como responsável pela recompra de um relógio Rolex, Wassef mudou sua versão três vezes.
Em nota, domingo (13), Wassef disse: "Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, e nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta ou indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda".
Ainda no domingo, o blog conversou com Wassef após a divulgação da nota. Wassef não é acusado de vender nada mas, sim, comprar o Rolex.
O blog perguntou ao advogado a respeito do relógio. Ele disse: Nunca vi esse relógio. Nunca vi joia nenhuma".
Sobre o que teria ido fazer nos EUA, ele confirmou ao blog a viagem, mas disse que nem confirmava nem negava a compra do relógio e que falaria sobre a viagem em uma entrevista coletiva.
Foi o que ele fez ontem, terça-feira (15).
Na segunda-feira (14), o blog de Valdo Cruz revelou que o nome de Wassef estava no recibo de compra do Rolex.
Nesta terça-feira, Wassef assumiu ter comprado o Rolex. "Usei do meu dinheiro para pagar o relógio. O meu objetivo, quando comprei o relógio, era cumprir decisão do Tribunal de Contas da União (TCU)”, disse em entrevista coletiva.
Recibo de compra de Rolex em nome de Frederick Wassef — Foto: Graziela Azevedo/TV Globo
Entenda o caso
Na última sexta-feira (11), a Polícia Federal deflagrou uma operação para apurar a suposta tentativa de vender ilegalmente presentes dados ao governo por delegações de outros países. O esquema teria sido capitaneado por militares e advogados ligados ao então presidente Jair Bolsonaro.
Wassef estava entre os alvos da operação. Segundo a PF, ele e outros ex-integrantes do governo Bolsonaro, além de amigos e aliados do presidente, são suspeitos de participar do esquema.
De acordo com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Bolsonaro teria usado a estrutura do governo brasileiro para se beneficiar da venda de itens recebidos como presentes para a União.
Um dos itens que foi vendido ilegalmente é um relógio Rolex em ouro branco cravejado em diamantes e com mostrador em madrepérola branca, também cravejado em diamantes.
A suspeita dos investigadores é de que Wassef vendeu o item de luxo em 2022 e depois o recomprou em 2023 em uma operação dos suspeitos de envolvimento no esquema para recuperar a peça e outras joias.
O relógio foi vendido para uma loja chamada Precision Watches, na Pensilvânia, nos Estados Unidos. O item de luxo deixou o Brasil, segundo a investigação, em um avião da Força Aérea Brasileira junto com uma comitiva do ex-presidente.
Veja a cronologia da venda e recompra do Rolex:
Cronologia da movimentação do Rolex desde o recebimento do presente, passando pela venda e recompra por aliados de Bolsonaro — Foto: Luisa Rivas e Kayan Albertin/Arte g1
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